Queda Livre
Ele estava em queda livre quando se lembrou de seu amor.
Algo muito mais complexo que um amor romântico.
É mais como um amor próprio canalizado em hábitos.
Antes que pudesse assistir sua vida, caiu em um poço.
Dentro dele, a pele foi esfolada pelas paredes.
Caiu em água poluída.
Sua respiração foi cessada.
Então tornou a pensar em sua paixão.
A ficção, tanto em nível de consumo quanto em composição.
Como sua visão foi comprometida
imaginou-se em um grande espaço escuro.
Seus mestres o observavam.
Todos com um misto de pesar e alegria nos olhos.
Suas bocas contorceram-se.
Sussurravam algo inaudível.
Aplaudiram e gargalharam.
Ele sentia sua vida indo embora.
A agonia do cessar da respiração.
O arder das feridas untadas em água tóxica.
Criou enfim uma obra prima.
Ela nunca chegará ao cânone.
Nunca será vista.
Nem contemplada.
Nem servirá de inspiração.
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