PERDA ETERNA

 




No antiquário.
Dentre várias relíquias, encontrei um pingente em belos tons de azul.
Com iniciais cravadas em ardente fogo centenário
de dois jovens que se amaram sem recuo.
Um sentimento que perpassa a história.
O cristal guarda em sua memória
narrativas perdidas de um amor imortal
que encontrou seu fim fatal.
Meus olhos choveram
meu coração apertou
aquela emoção ancestral me pegou.
Poderia eu viver algo assim?
Não, eu não sou merecedor.
Comprei-o e carreguei a solidão, com amargor.
Os registros akashicos desta sagrada relação
inevitavelmente perdidos pelo tempo, foram.
Minha alma ressoa essa dor ao lembrar da perdição
nada é eterno e pelas areias do tempo, por entre meus dedos, os amores escorreram.
Tento vagar por este deserto, sozinho.
Mas de que adianta se o que sinto é enfadonho?
Cansei de controlar as perdas, afinal
não sou nenhum deus primordial.



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